Depois volvi-me, e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol; e eis as lágrimas dos oprimidos, e eles não tinham consolador; do lado dos seus opressores havia poder; mas eles não tinham consolador.” Ec 4.1
Eu sei que sou culpado, não tive a capacidade de assumir a administração da minha vida; não fui capaz de resolver as emoções infantis nem consegui equilibrar-me sobre os obstáculos que herdei da sociedade.
Até que me esforcei! Olhei para a vida de meus pais, porém os desentendimentos no seu casamento falido, que decepção! Não tive o privilégio de me aquecer no meu próprio lar, porque faltou-nos a chama do amor, para nos sustentar unidos. Cada qual saiu para o lado que queria. Na confusão da vida me perdi.
Candidatei-me à escola. Juntei a identidade civil e retrato desbotado, botei a melhor farda de guerreiro e entrei na fila. Humilhado por tantas exigências, implorando prazos, descontos e vagas, sentei-me num banco escolar, persisti e encarei o desafio.
_Joãozinho, você não sabe sentar-se?
_Joãozinho, seu material está incompleto.
_Joãozinho, seu trabalho está horrível.
_Joãozinho, seu uniforme está ridículo.
A barra foi pesando, fui sendo passado pra trás e vendo que escola é coisa de rico. Um dia, arrependi-me, mas a professora se escandalizou pelas minhas faltas, que nem eram tantas e disse que meu nome estava riscado da lista, há muito tempo. O que fazer? Dei marcha ré, olhando a turma, e com vergonha fui saindo.
Moro com marquises, debaixo da ponte, nas calçadas, ou seja, em lugar nenhum. Tenho avós, pais irmãos e primos, mas não tenho família. Tenho idade de criança e desilusões de adulto. Cada dia que passa, estou mais sujo, mais anêmico e mais fraco.
Sou um rosto perdido, perambulando em solo brasileiro. Na verdade chamam-nos menores, porém somos os maiores desgraçados.
Vendo balas num sinal de trânsito que muda de cor a cada minuto. Quando o sinal fica vermelho, os carros param, meu coração dispara. Para nós, menores abandonados, o vermelho é a cor da esperança.
O que eu e você podemos fazer por estas vidas sem rumo e sem perspectiva de vida além de orar?
_ Se você tiver condições adote uma criança que já foi abandonada pelos pais. Ajude financeiramente se puder as obras que cuidam de vidas descartadas da sociedade.
_ Seja voluntário (a) em obras assistenciais, não somente para aliviar a consciência, mas amor pelas vidas que estão sem dono e sem Deus no coração.
_Leve a Palavra de Deus por onde estiver para que não nasçam mais menores abandonados, nem famílias desestruturadas, causadoras e formadoras de meninos de rua, entregues aos vícios e toda sorte de malignidade.
Cada um sabe a condição e a possibilidade que tem para servir a Deus. Faça o melhor, dê o melhor de si que este é o único tesouro que você vai levar para o céu, se seguir a Jesus: As obras que faremos para Deus, pois a fé sem obras é morta, diz a Palavra de Deus.
“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; Is 61.1
Ivone Boechat