Havia na América um colecionador de pedras toscas. Nada, na sua coleção, era precioso. Mas a maneira de colocar os objetos, a variedade na cor e no formato, as prateleiras dispostas em ordem, chamavam a atenção de quantos viam aquele capricho ou gosto excêntrico. Muitos o achavam maníaco. E o homem ia colecionando a bel prazer: carvão de pedra, lascas de mármore, vidros coloridos, conchas marinhas, pepitas de argila, torrões de barro, pedras d’água, etc. Certa vez chamou um amigo ao pequeno museu às escuras. Diante da perplexidade do visitante, o homem acende lâmpadas multicores, cada qual por sua vez, num jogo de luz magistralmente preparado. Que apoteose! Como as pedras brutas se transformaram! Brilhos desusados faiscavam delas e pareciam objetos vivos que se moviam, recuando e avançando, como preciosos, caríssimos, esbanjando luz num encantamento jamais sonhado.
Assim Deus faz com as Suas criaturas, dando-lhes as marcas da eterna beleza para que sejam luzes faiscantes num mundo de trevas e perdição.
